Educação e cultura

Estas são para mim as prioridades de uma família, de um bairro, de uma cidade, de uma região, de um país.

A educação e a cultura são os alicerces de qualquer sociedade e deveriam ser a prioridade de todos, especialmente dos governos dos países. Uma sociedade educada e culta é uma sociedade exigente, é uma sociedade crítica no sentido positivo, é uma sociedade com profissionais de excelência, é uma sociedade com valores éticos, é uma sociedade plena de cidadãos conscientes do seu papel, conscientes dos seus deveres e dos seus direitos.

É minha convicção que, salvaguardadas uma ou duas exceções, em Portugal nunca um governo apostou verdadeiramente na educação e cultura como prioridade. Aliás, esta deveria ser uma prioridade sujeita a um “acordo de regime” para garantir que os governos subsequentes não desfazem o que os seus predecessores fizeram só “porque sim”.

A educação e a cultura têm um papel muito relevante no tão falado “elevador social”, ou seja, garantir que todas as crianças quando nascem têm exatamente as mesmas oportunidades e potencialmente poderem ascender a qualquer posição na sociedade sem que o lugar de nascimento, a condição económica da família ou quaisquer outros critérios sejam condicionantes negativas.

Não é admissível que uma criança que nasce num bairro social tenha à partida menor probabilidade de “vencer na vida” do que a criança que nasce num qualquer condomínio de luxo ou no seio de uma família abastada.

O país não se pode dar ao luxo de perder cidadãos válidos apenas porque o berço não é de ouro, mas sim de madeira ou mesmo de palha.

O país não se pode dar ao luxo de ignorar os sinais e as tendências que evidenciam que o “elevador social” está parado no piso 0 ou mesmo já nas caves.

A classificação das escolas publicada hoje mostra uma tendência preocupante e consistente nas últimas duas décadas: os melhores resultados são nas escolas privadas e até há uma assimetria regional norte/sul. Podemos naturalmente argumentar que esta classificação pode ser injusta, redutora e simplista, mas a verdade é que a aplicação consistente dos mesmos critérios evidencia a tendência descrita.

Por outro lado, o indicador de equidade calculado pelo Ministério da Educação mostra também que são os alunos das classes sociais mais desfavorecidas com mais insucesso escolar.

Ora, uns não são mais nem menos inteligentes do que outros. O que há são demasiados fatores exógenos que impedem a subida do “elevador social”, que impedem que o princípio da equidade (não da igualdade) seja basilar.

A leitura conjugada dos resultados da classificação das escolas com o indicador de equidade do Ministério da Educação conta-nos uma história dos mais desfavorecidos ficarem mais para trás e dos mais favorecidos ficarem sempre à frente. Isto tem que mudar! A linha de partida de uma corrida é a mesma para todos. Todos têm que correr a mesma distância e não é isso que acontece em Portugal. Há “atletas” que para vencer têm que correr muito mais e isso não é justo.

O que todos nós devemos pedir a quem nos governa e a quem nos quer governar é que olhem para a educação e para a cultura como as prioridades de Portugal para o século XXI e que de uma vez por todas os nossos filhos possam ter todos a mesma educação e o mesmo acesso à cultura.

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