Afinal não é o rei que vai nu, é a república…
Se fizéssemos um inquérito aos Portugueses, ou a qualquer outro povo pertencente a um país democrático, sobre a principal qualidade que deve ter o mais alto magistrado da nação, estou convicto que a resposta com maior número de apoiantes seria imparcialidade, neutralidade ou qualquer outro sinónimo destas palavras.
No entanto, uma das críticas que se aponta ao sistema republicano é precisamente a sua incapacidade de garantir de forma consistente esta qualidade que um chefe de estado deve possuir, abundando os exemplos que suportam este argumento.
Com efeito, hoje faz um ano que o Professor Marcelo Rebelo de Sousa mereceu a confiança de uma parte significativa dos portugueses que votaram nas últimas eleições presidenciais e a noite informativa esteve recheada de comentários sobre o seu desempenho.
Como seria de esperar, uns gostam mais, outros não gostam tanto e ainda há aqueles que não sabem bem, mas um denominador comum em todas as opiniões era o facto do atual presidente da república ter um comportamento que beneficiava ou prejudicava alguns grupos políticos. E, não satisfeitos com isto, muitos ainda achavam que determinados grupos políticos deveriam estar muito aborrecidos com ele porque votaram para a sua eleição e não estão a receber o favor de volta, enquanto outros, que não votaram nele, estão a ser levados ao “colo”.
Ora, são precisamente estes os comportamentos que se querem evitar com um chefe de estado hereditário, em detrimento de um eleito, uma vez que não há favores a pagar, nem obrigações de compensar uns em desfavor de outros.
E, por mais que o Professor Marcelo Rebelo de Sousa procure ser independente, a sua atuação será sempre criticada porque à sua eleição está colada uma luta política, uma defesa de ideais, dos quais ele se procurou afastar, mas que estão e estarão sempre colados à sua pele.
Outro exemplo das fragilidades do sistema republicano são as inúmeras notícias associadas à recente eleição do presidente dos Estados Unidos da América. Não pude deixar de notar numa das notícias de hoje o comentário de um cidadão americano, que dizia de forma muito convicta, He is not my president!
O que sentirá Donald J. Trump, que acabou de dizer que vai devolver o poder político de Washington ao povo americano, sabendo que uma parte significativa dos cidadãos americanos não estão com ele e com as suas opções?
Estes são dois exemplos, muito recentes e atuais, da imensa fragilidade que o sistema republicano tem para conseguir a unanimidade dos cidadãos relativamente ao chefe de estado, ou como dizia o Dr. Mário Saraiva, a incapacidade do sistema republicano em atingir a harmonia do conjunto nacional.
Não existem sistemas perfeitos, mas existem opções que criam, de forma mais consistente e sólida, ambientes propícios para a tão almejada unidade nacional. Estou certo que Portugal e os Portugueses ganhariam muito se voltássemos a ter um Rei ao leme da nação.