“É urgente eliminarmos da mente humana a ingénua suposição de que seja possível sairmos da grave crise em que estamos mergulhados, usando o mesmo pensamento que a produziu.” (Albert Einstein)
Há mais de um ano escrevi um artigo neste blogue intitulado Uma Sociedade das Nações, no qual defendo a ideia de ser repensada a organização mundial, designadamente para os assuntos ou problemas que afetam a Humanidade de forma global e para os quais as fronteiras administrativas definidas pelo Homem não fazem sentido.
É opinião de vários pensadores que o formato encontrado depois da Segunda Grande Guerra, designadamente a Organização das Nações Unidas, bem como outras organizações globais, está esgotado na sua função e já não responde aos novos desafios globais.
Com efeito, a atual crise pandémica tem evidenciado reações muito individualizadas por parte dos diferentes países e mesmo dentro da União Europeia quando se esperava uma ação concertada pela Comissão e com o apoio técnico e científico do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, cuja missão é “Reforçar a capacidade de defesa da Europa contra as doenças infeciosas”, assistimos a estratégias, por vezes díspares, dos diferentes Estados-membros.
É interessante verificar que no sítio da internet deste centro europeu já constava em 2019 que uma das áreas que deveria ser acompanhada com especial cuidado era o apoio à Comissão Europeia e aos diferentes Estados-membros para incrementar a respetiva capacidade de resposta às ameaças transfronteiriças de saúde .
Parecem familiares estas ameaças transfronteiriças de saúde, não parecem?
A verdade é que perante um problema global, ou não fosse esse o significado etimológico de pandemia, temos assistido a reações e estratégias exclusivamente nacionais com resultados nacionais diferentes, mas com um mesmo resultado global: a pandemia não está a abrandar!
É assim que perante uma crise temos uma oportunidade para mudar, para encontrar uma nova ordem mundial que dê uma resposta capaz aos problemas que são globais como a pandemia que vivemos, ou as alterações climáticas, ou a cibersegurança, ou a proteção dos oceanos, ou a proteção das florestas como a Amazónia, para dar apenas alguns exemplos.
É neste sentido que Edward Fishman (conselheiro da administração Obama) defende que esta crise é a oportunidade ideal para a criação desta nova ordem mundial num artigo publicado em março último, tal como as duas grandes guerras na primeira metade do século XX foram a crise que permitiram a criação de diversas organizações como a já referida Organização das Nações Unidas (24 de outubro de 1945), bem como a Organização Mundial da Saúde (7 de abril de 1948).
Temos que exigir aos nossos líderes que pensem globalmente, que não se esqueçam que a Humanidade é só uma, que o planeta Terra é só um e que os problemas que afetam a nossa e outras espécies é de todos.
Os problemas globais precisam de análises globais, de respostas globais, de soluções globais.
Não esqueçamos que somos mais de 7 mil milhões, mas somos apenas uma espécie em cerca de 9 milhões.
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