As regras e as exceções

A situação de emergência que vivemos veio acentuar a nossa perceção de alguns aspetos do nosso comportamento social, designadamente aqueles que para mim constituem debilidades.

Estas debilidades, a que muitos de nós chamam “chico-espertismo”, são evidentes na capacidade que temos face a novas regras de identificar as formas de as contornar e assim vangloriarmo-nos de sermos mais inteligentes que o legislador.

Com efeito, as recentes regras do estado de emergência têm um conjunto significativo de exceções e aquela que é a minha perceção é a de todos conhecerem bem as situações que podem ajudar a evitar o confinamento e ligarem muito pouco ao fundamental destas regras que é ficar em casa.

A regra é ficar em casa e as exceções foram criadas para as situações excecionais e não para serem aproveitadas para soluções de ocasião. As exceções servem para garantir a manutenção do funcionamento contínuo dos serviços que necessitamos (saúde, segurança, alimentação, entre outros) e para resolvermos problemas pessoais urgentes.

As exceções não servem passar um fim de semana fora com os amigos fazendo as viagens nos períodos fora do recolhimento obrigatório ou para invocar que no período da manhã posso sair mesmo que não seja para fazer algo essencial.

Ora, o vírus não tem relógio nem lê o Diário da República, pelo que cada vez mais estou convencido que não são as regras que nos vão retirar deste estado de emergência, mas antes uma mudança de comportamentos de todos. O esforço de muitos para ficarem em casa é transformado numa quase inutilidade quando poucos se “armam em chicos -espertos”.

Acredito na liberdade individual, mas também acredito que esta liberdade tem que obrigatoriamente ser acompanhada de responsabilidade. A liberdade individual não é um privilégio, é uma responsabilidade e para a merecermos temos que fazer mais e melhor.

Em resumo, a verdade é que independentemente das boas ou más medidas que nos são impostas, todos sabemos o que fazer para parar esta pandemia. Quem não o faz propositadamente e argumentando com critérios legais deve saber que não está a contribuir para a resolução deste problema e, no limite, está a contribuir para a falência dos sistemas de saúde, está a contribuir para a disseminação do vírus.

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